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Advocacia • 1 de setembro de 2022

Gestão jurídica orientada a dados

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Por Preâmbulo Tech

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Por Preâmbulo Tech

Gestores jurídicos ao redor do mundo estão de olho nas inovações dentro do Direito. Há pouco tempo, sequer falávamos em Legal Operations, software jurídico, jurimetria e Advocacia 5.0. Mas o panorama mudou.

Uma interessante pesquisa da KMPG traz algumas perspectivas jurídicas para os próximos anos. Uma delas chama especial atenção: até 2025, a análise de dados será tão importante quanto a de termos legais. 

Neste artigo vamos falar quais são essas perspectivas, começando por aquelas que dizem respeito aos recursos humanos.

Perspectivas para a área jurídica: recursos humanos

Avaliação do desempenho por meio de indicadores, mudança na característica da equipe jurídica, processos de contratação online e Legal Ops ganhando protagonismo. Essas são as quatro perspectivas para a área jurídica quando o assunto são recursos humanos.

Equipe jurídica composta por tecnologias e profissionais diversos, não só advogados

A composição das equipes jurídicas até 2025 será diferente.

De um lado, teremos o uso de chatbots e outras soluções automatizadas que serão operadas por diversos profissionais, com apoio dos advogados. Esses profissionais compõem uma força de trabalho multidisciplinar, com diferentes habilidades, tais como analistas de dados, assistentes legais e outros especialistas.

A função desse grupo é dar suporte ao desenvolvimento do trabalho jurídico, ainda que exerçam funções não estritamente jurídicas.

Do outro lado, teremos os advogados, que se destinarão exclusivamente ao trabalho essencialmente jurídico, estratégico e técnico.

Por isso, entende-se que metade da equipe não será composta por advogados. Existem alguns fatores para isso, como:

 

  • Processos aprimorados e padronizados;
  • Maior número de demandas, o que exige aumento de produtividade;
  • Tecnologia que permite novas estratégias de fornecimento de serviços jurídicos;
  • Mudança da hierarquia tradicional da advocacia para uma estrutura mais ágil e econômica.

KPIs para avaliar o valor que as equipes jurídicas geram para o negócio

Continuando com as perspectivas para a área jurídica no tocante aos recursos humanos, veremos uma mudança na percepção sobre esses serviços. Como assim?

Os serviços advocatícios não mais são vistos como um “custo necessário” para a defesa em juízo do cliente. Eles também passaram a ser parceiros e impulsionadores de resultados financeiros do negócio.

Considerando o valor que eles geram, esse departamento passará a ser avaliado pelos indicadores-chave de desempenho (KPI) em dois aspectos:

 

  • A contribuição da equipe jurídica para reduzir custos e riscos de uma organização, como por exemplo evitando litígios;
  • A receita que eles ajudam a gerar, como por exemplo aceitando algum risco de litígio quando a recompensa potencial o justifica.

Em outras palavras, é uma maneira de alinhar os indicadores ao negócio diretamente, não apenas ao setor jurídico.

Os indicadores de sentenças (procedente, parcial procedente ou improcedente), por exemplo, só têm sentido quando se alinham aos locais de trâmite e tipos de demandas. Assim, os gestores têm a possibilidade de ajustar rotas no negócio para minimizar os riscos das ações.

E já vale pontuar que a tecnologia será fundamental para coletar os dados sobre desempenho em pouco segundos, evitando um trabalho de dias dos profissionais. Com isso, será possível avaliar e gerenciar, com precisão, a forma como as pessoas e os contratos se desenvolvem no setor.

Gestores de Legal Ops serão tão importantes quanto os Gestores Jurídicos

Será que estamos caminhando para o questionamento da liderança da função jurídica? Não exatamente. Mas há uma pergunta simples que deve ser feita: será que os gestores jurídicos tradicionais terão tempo ou habilidade para cumprir toda a sua lista de demandas do atual modelo operacional, que mescla pessoas e tecnologia, operações jurídicas e de apoio?

Para responder à pergunta, basta pensar que os gestores jurídicos buscam eficiência na prestação dos serviços jurídicos. É preciso encontrar maneiras de melhorar processos, equilibrar o risco com o retorno, e entregar mais valor. Como fazer tudo isso sem o auxílio dos profissionais de apoio?

Lembra que falamos sobre uma equipe jurídica composta por profissionais multidisciplinares que executam atividades rotineiras para que os advogados atuem de forma estratégica? Essa equipe precisa de um líder, e ele será tão importante quanto o gestor jurídico.

É exatamente onde entra o gestor de Legal Operations. Sua equipe pode aplicar novos processos, habilidades e tecnologias para atender à necessidade contínua da equipe jurídica da empresa, apoiando o negócio com mais eficiência.

Essa já é a realidade de alguns escritórios, pois, com a figura forte desse gestor, a equipe destinada à atividade fim poderá:

 

  • se transformar em verdadeiros parceiros do negócio;
  • oferecer orientações de forma proativa, baseadas em evidências e estratégias;
  • focar na avaliação de riscos, na conformidade, na governança, e em outras questões fundamentais ao sucesso do negócio.

Perspectiva para a área jurídica: dados

Maior produtividade, otimização de processos e da experiência do usuário, redução de custos e mais conhecimento sobre o cliente. Essa é a importância do uso de dados nas estratégias de negócio.

Por isso, apresentamos uma perspectiva para a área jurídica que trata especificamente sobre o tema. Confira!

A análise de dados será tão importante quanto a análise de termos legais

Você sabe como funcionam os algoritmos, as automações, a inteligência artificial? Esse é um passo fundamental para entrar de vez no universo da ciência de dados. Afinal, de nada adianta você coletar um grande volume de dados e não saber o que fazer com eles. E, claro, isso se aplica (e se aplicará cada vez mais) ao Direito.

Imagine um contrato. Os termos legais que constam nele orientam as partes sobre direitos e obrigações, motivo pelo qual devem ser claros para todos os envolvidos. Dessa forma, ele gera um valor, certo?

Mas é igualmente importante entender como esses termos legais se comportam na realidade. O valor produzido é exatamente como esperado ou é preciso alterar algumas cláusulas? A relação deve continuar ou é melhor fazer a rescisão?

As empresas passarão a usar sua equipe jurídica para ajudá-las a identificar oportunidades de aumento de receita e diminuição de riscos e custos. Avaliar o ciclo de vida de um contrato é ter mais visibilidade sobre ele e os dados que mostram seu funcionamento.

A ideia central dessa perspectiva para a área jurídica é que, com o tempo, os advogados conseguirão analisar os dados para ter uma visão estratégica do negócio.

É possível, inclusive, avaliar os contratos processados e negociados em uma plataforma para extrair dados que mostram os resultados típicos de certas cláusulas e desvios padrão. Assim, as equipes jurídicas poderão identificar oportunidades para melhorar contratos futuros.

Perspectivas para a área jurídica: tecnologia

Em vários momentos, falamos sobre o papel da tecnologia e dos dados nas perspectivas para a área jurídica.

Mas tendências tecnológicas dentro da advocacia não são poucas, veja!

Processos de contratação exclusivamente online

A pandemia do novo coronavírus trouxe as videoconferências para dentro do setor de RH em diversas situações. As reuniões da própria equipe foram mantidas obedecendo ao distanciamento social, mas também os processos de contratação passaram a ser totalmente onlines.

No mesmo sentido, as contratações com os stakeholders (fornecedores e clientes, principalmente) também passaram ao ambiente digital. Um contrato de compra e venda de equipamentos de informática, por exemplo, é negociado somente no ambiente eletrônico, onde também se dão as assinaturas eletrônicas.

Neste contexto, uma das perspectivas para a área jurídica é manter os processos de contratação exclusivamente online em todos os setores dos escritórios de advocacia ou nos departamentos jurídicos.

Isso é possibilitado por diversos fatores, como:

 

  • Processos eletrônicos que suprem perfeitamente os processos manuais;
  • Integração com outros sistemas de informação que contribuem para garantir que a segurança dos dados trocados com a outra parte;
  • Negociação de contratos em plataformas tecnológicas que agilizam a comunicação, promovem melhor colaboração e acesso aos dados em tempo real;
  • Padronização dos processos de contratação (elaboração de minutas, aprovações internas, assinatura e armazenamento dos acordos) por meio de plataformas;

Destaca-se, ainda, que a automatização e a padronização dos processos de contratação ajudam a reduzir o risco próprio desta atividade, pois garante que a equipe jurídica e os demais setores do negócio utilizem modelos atualizados. Elas também garantem um monitoramento mais preciso do ciclo de vida do contrato.

É onde entra a próxima perspectiva para a área jurídica.

CLM será tão fundamental quanto ERM e CRM

Antes de mais nada, você sabe o que significa cada sigla? Veja:

 

  • ERM (Enterprise Risk Management): métodos e processos de gestão de riscos empresariais.
  • CRM (Customer Relationship Management): sistemas de informação ou ferramentas de gestão de relacionamento com o cliente.
  • CLM (Contract Lifecycle Management): solução de gerenciamento de ciclo de vida do Seu objetivo é otimizar o tempo e aprimorar o desempenho da gestão contratual.

Esclarecidos os conceitos, lembremos que muitas empresas já centralizam suas atividades financeiras, seu relacionamento com o cliente e seus fluxos de trabalho dentro de sistemas de gestão. No caso dos negócios jurídicos, dentro do software jurídico.

A previsão para os próximos anos é de que a centralização da gestão contratual, desde a negociação, passando pela execução e pela rescisão, aumentará a capacidade da organização de reduzir custos, gerenciar riscos e melhorar o desempenho.

Por este motivo, ele assumirá um papel nos negócios tão fundamental quanto o ERM e o CRM.

Aproximação entre Legal techs e Techs

Você sabia que as tecnologias corporativas vêm se expandindo para o setor jurídico?

Ainda hoje, temos uma divisão clara entre as legaltechs (startups focadas exclusivamente na área jurídica) e as tech (empresas de tecnologia em geral). No entanto, uma das perspectivas para a área jurídica é que essa barreira caia com o passar dos anos.

Existe uma tendência de as empresas se tornarem mais generalistas para atender a empresa como um todo. Isso significa que o departamento jurídico não utilizará somente um software destinado à sua função, mas outras soluções que conversam com ele.

Ou seja, há um movimento para evitar tecnologias independentes de alto custo que atendam a nichos específicos. Em vez disso, as empresas buscarão fornecedores que se conectam holisticamente com seu ecossistema tecnológico.

Perspectivas para a área jurídica: outros aspectos da gestão

Por fim, temos as perspectivas para a área jurídica quanto a outros aspectos da gestão, como experiência do cliente, cultura organizacional e automação.

Experiência do cliente no centro da entrega legal

O foco do trabalho do seu escritório de advocacia ou departamento jurídico ainda está no contencioso? Há uma preocupação com resultados ao invés de soluções efetivas ao cliente? Essa é uma realidade de muitos negócios do Direito, mas ela está prestes a ser extinta, caso você tenha interesse em sobreviver no mercado.

A experiência mais personalizada e centrada no usuário estabeleceu novos padrões para todas as formas de interação comercial. Os serviços jurídicos internos (no caso de departamentos jurídicos) ou externos não serão exceções. Você está lembrado do conceito de Legal Design? Então mantenha-o em mente.

Nas empresas, os clientes internos esperam a facilidade de uso dos serviços advocatícios e a personalização própria do modelo que considera o cliente no centro do negócio. Se for o caso, é inclusive fundamental buscar ajuda de escritórios externos não só para atender melhor ao cliente, mas provocar “ameaças competitivas” para advogados internos.

Esse é o tipo de fator que estimula a melhoria das relações do departamento jurídico com seus clientes internos. Ele passa a construir seus serviços focado nas necessidades e nos desafios de sua organização.

Novamente, os dados serão a chave para permitir essa mudança. Afinal, as equipes jurídicas utilizarão análises detalhadas para refinar constantemente seus processos e melhorar sua prestação de serviços.

Trabalho legal burocrático será absorvido pela tecnologia

A pressão para reduzir custos e o uso crescente de soluções automatizadas provavelmente se combinam para tirar o trabalho jurídico rotineiro das mãos da equipe jurídica e delegá-lo à tecnologia.

Ou seja, os processos de trabalho que não são personalizados e estratégicos serão automatizados e habilitados para autoatendimento (como os chatbots). Isso mudará permanentemente o escopo dos serviços jurídicos, produzindo ganhos de eficiência e liberando os advogados a se concentrarem no trabalho de maior valor.

Pensando nesta perspectiva para a área jurídica em sintonia com a experiência do cliente no centro da entrega legal, vale pontuar algo importante: é preciso tomar cuidado para que quaisquer opções de autoatendimento sejam fáceis de usar e proporcionem uma experiência de boa qualidade para os clientes internos e externos, ok?

Mudança e gestão da cultura organizacional

Por fim, fechando a nossa lista de perspectivas para a área jurídica, diante de tantas potenciais alterações nos serviços advocatícios, é certo que será preciso ter uma mudança da cultura organizacional, bem como em sua gestão.

Se o gestor está instalando novas tecnologias ou redefinindo processos, será preciso dedicar recursos, orçamento e tempo para realmente colocar as novidades em prática. Isso significa promover a mudança de mentalidade em todo o negócio para que os profissionais consigam operar nessa nova lógica.

Além disso, eles precisarão desenvolver novas habilidades, e seus líderes devem demonstrar seu compromisso em realizar os benefícios da transformação. Colocar a implementação nas mãos de uma equipe dedicada de gestão de mudanças, defendida pela alta direção ou pelos sócios, será fundamental.

As perspectivas para a área jurídica para os próximos anos passam, necessariamente, pelos dados e pela tecnologia. Consequentemente, os profissionais deverão se adequar a esse novo modelo, destacando suas habilidades de atuar como parceiros de negócios.

Sua equipe jurídica e operacional está pronta?

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