O sistema de Justiça brasileiro está passando pela maior transformação digital de sua história. Dessa maneira, com o avanço do Judiciário 4.0, os escritórios de advocacia precisam ir além da simples digitalização de documentos: é necessário repensar processos, integrar sistemas e adotar uma nova postura frente à tecnologia.
Essa revolução não é apenas tecnológica — é estrutural. E quem não acompanhar essa mudança corre o risco de ficar para trás.
Neste artigo, vamos explorar como o Judiciário 4.0 está impactando diretamente a rotina jurídica, o que muda na prática e como sua equipe pode se preparar para operar com segurança, agilidade e conformidade.
O que é o Judiciário 4.0?
O Judiciário 4.0 é uma iniciativa estratégica do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e os tribunais superiores brasileiros, com o objetivo de transformar digitalmente o sistema de Justiça brasileiro.
Inspirado no conceito de Indústria 4.0, conhecida como Quarta Revolução Industrial, o movimento busca acelerar a inovação, ampliar o acesso à Justiça e aumentar a eficiência por meio de tecnologias emergentes como inteligência artificial, interoperabilidade, automação e análise de dados.
Objetivos principais do Judiciário 4.0
- Digitalizar e interligar todos os sistemas judiciais de forma padronizada;
- Promover a interoperabilidade entre tribunais e sistemas de gestão jurídica;
- Reduzir a burocracia, prazos e retrabalhos processuais;
- Expandir o uso da inteligência artificial para triagem, análise e acompanhamento de processos;
- Democratizar o acesso à Justiça, com foco no cidadão.
Principais projetos e componentes do Judiciário 4.0
1. Domicílio Judicial Eletrônico (DJEN)
O DJEN centraliza o recebimento de citações, intimações e notificações em um único ambiente digital para empresas e entes cadastrados, padronizando o processo de comunicação oficial entre os tribunais e os destinatários.
Impacto: Os escritórios precisam consultar o DJEN diariamente. Ele é agora o canal oficial da maioria dos tribunais brasileiros, e os prazos processuais estão vinculados à data de acesso ou à contagem automática conforme a forma de comunicação:
- Intimações confirmadas: prazo conta a partir da data da confirmação ou do dia útil seguinte.
- Sem confirmação: prazo inicia 10 dias após o envio da intimação.
- Publicações: contagem inicia no primeiro dia útil após a publicação, que ocorre um dia depois da disponibilização.
2. Plataforma Digital do Poder Judiciário (PDPJ-Br)
Sistema que integra os diversos softwares e portais utilizados pelos tribunais do país, permitindo o intercâmbio de dados e documentos com segurança e padronização. Assim, é a espinha dorsal da transformação digital do Judiciário.
3. Jus.br
Portal unificado de acesso à Justiça digital, voltado ao cidadão. Portanto, reúne serviços como consulta processual, peticionamento eletrônico, atendimento remoto e acesso a audiências virtuais. Também promove a desburocratização para pessoas físicas e pequenas empresas.
4. Plataforma Codex
Ambiente de inteligência artificial treinado para classificar, agrupar e analisar documentos jurídicos automaticamente, com foco em triagem e mapeamento de demandas repetitivas.

O que muda na rotina dos escritórios?
O Judiciário 4.0 muda radicalmente a forma como escritórios jurídicos precisam se estruturar:
- Contagem de prazos automatizada: Os prazos passam a correr conforme as regras específicas de cada tipo de comunicação. Os softwares jurídicos devem identificar automaticamente:
- A data de confirmação de intimações;
- O prazo de 10 dias sem confirmação;
- A data de publicação e seu reflexo no início da contagem do prazo.
- Automação de consultas e andamentos: não basta acessar os sistemas; é preciso integrar essas informações ao ERP jurídico para gerar alertas, tarefas e distribuição.
- Centralização de comunicações judiciais: o DJEN substitui dezenas de portais estaduais, exigindo rotina de consulta única, porém com padronização nacional.
- Novos fluxos operacionais: as controladorias jurídicas precisam estar capacitadas para acompanhar essas mudanças e manter a rastreabilidade das etapas processuais.
- Maior responsabilidade na gestão de tecnologia: a operação jurídica agora depende diretamente da confiabilidade, segurança e integração dos sistemas usados.
Por que o Judiciário 4.0 exige mais maturidade da advocacia?
A Justiça brasileira está se tornando mais ágil, mas também mais exigente. Contudo, o Judiciário 4.0 marca o fim da era da adaptação parcial. Sendo assim, não há mais espaço para fluxos improvisados, falta de padronização ou acompanhamento manual.
A advocacia precisa evoluir junto — não apenas com sistemas, mas com estratégia, processos e pessoas preparadas para uma operação digital, rastreável e escalável. Desse modo, controladorias jurídicas e controllers jurídicos ganham protagonismo nesse novo cenário.
Área Impactada | Antes do Judiciário 4.0 | Com o Judiciário 4.0 |
Contagem de prazos | Manual, em diários diversos | Automatizada, conforme regras do DJEN |
Consultas processuais | Abertura de vários sites | Centralização e integração |
Comunicação judicial | Correios, oficiais, múltiplos portais | Canal único e digital (DJEN) |
Tecnologia jurídica | Planilhas, softwares locais | ERP jurídico integrado com CNJ |
Responsabilidade operacional | Dividida entre pessoas e sistemas | Centralizada na Controladoria |
Como se preparar para operar com segurança e eficiência no Judiciário 4.0?
- Implemente uma controladoria jurídica estruturada: com fluxos padronizados, controle de prazos e KPIs.
- Use um ERP jurídico com integrações diretas às fontes oficiais (como DJEN, Jus.br e PDPJ-Br) e que ofereça recursos de contingência para garantir a atualização das publicações mesmo em caso de falhas pontuais das plataformas públicas.
- Automatize consultas, intimações e classificações sempre que possível.
- Crie uma rotina de acompanhamento e melhoria contínua dos processos.
- Treine a equipe para lidar com sistemas digitais, contagem automática e leitura interpretativa de intimações.

Outros conteúdos sobre Judiciário 4.0
- Como funcionam os prazos processuais com o DJEN e o Domicílio Judicial Eletrônico
- Justiça 4.0: como impacta a atuação dos escritórios de advocacia?
- Novo comunicado do Programa Justiça 4.0: conheça os impactos
- Tecnologia no Direito: por que não resistir?
- Controladoria Jurídica: mais eficiência e estratégia na gestão do seu escritório
Judiciário 4.0 exige estrutura: a hora de agir é agora
O Judiciário 4.0 é um projeto em finalização, que já está em plena operação, reconfigurando a lógica da prática jurídica em todo o país. Nesse sentido, a digitalização, que antes era opcional e gradual, tornou-se uma exigência concreta com impactos diretos na produtividade, no controle de riscos e na reputação dos escritórios de advocacia.
O que está em jogo agora não é apenas adaptar-se à tecnologia, mas adotar uma nova mentalidade operacional, baseada em padronização, automação e rastreabilidade. Assim, escritórios que ainda operam com múltiplas planilhas, prazos manuais e fluxos fragmentados estão mais expostos a erros, retrabalho e desgaste com o cliente.
Por outro lado, aqueles que compreendem que a eficiência não é mais suficiente — e que é preciso escalar com qualidade, segurança e inteligência — já estão adotando estruturas como a Controladoria Jurídica, investindo em sistemas com integrações confiáveis e criando rotinas que favorecem a melhoria contínua e a gestão proativa de prazos.
O Judiciário 4.0 impõe novas regras. E escritórios que desejam escalar de forma consistente precisam ter uma base operacional preparada para esse novo ciclo. Portanto, o momento de ação é agora: revise seus fluxos, integre sua operação e habilite sua equipe para navegar esse cenário com domínio, não com improviso.
O Judiciário 4.0 não é uma tendência — é realidade. Dessa maneira, escritórios que operam com estrutura e tecnologia estarão aptos a crescer com confiança nesse novo cenário. E você, já está operando com rastreabilidade, eficiência e controle total? Se a resposta for “ainda não”, é hora de dar o próximo passo.

FAQ: Perguntas Frequentes sobre o Judiciário 4.0
É um programa do CNJ que visa digitalizar e integrar o sistema de Justiça brasileiro com uso de inteligência artificial, interoperabilidade entre tribunais e automação de processos.
Muda a forma de gestão dos prazos, comunicações oficiais (via DJEN), controle processual e organização operacional. Exige automação, uso de software jurídico integrado e uma controladoria estruturada.
A contagem de prazos no DJEN varia conforme o tipo de comunicação: intimações confirmadas têm início no dia da confirmação (ou no próximo dia útil); quando não há confirmação, o prazo começa 10 dias após o envio. Já as publicações têm contagem iniciada no primeiro dia útil seguinte à publicação, que ocorre um dia após a disponibilização. Portanto, é essencial que os sistemas jurídicos estejam preparados para identificar e registrar essas datas com precisão.
Adotar um ERP jurídico com integrações, estruturar uma controladoria jurídica, automatizar fluxos, treinar a equipe e acompanhar continuamente os indicadores operacionais.
Sim. As mudanças implementadas já estão em vigor em diversos tribunais. O não acompanhamento dessas atualizações pode gerar perda de prazos, retrabalho e falhas processuais.